sexta-feira, julho 08, 2005

Londres - 7 de Julho de 2005

Em memórias dos que morreram. O Silêncio e a morte não irão vencer a batalha contra o amor.


Está tudo negro. Consigo apalpar o muro sólido de fumo que me rodeia. Há um cheiro de morte que me agarra e não me larga.
Primeiro foi a luz brilhante, imensa. Depois o calor que me queimava, como se demónios de fogo me arrancassem a pele e me deixassem nu, exposto. Depois o silêncio. As pessoas ao meu redor corriam, gritavam e eu no silêncio. Sozinho no silêncio com a tua memória. Só tu me importavas naquele momento. Só tu e todos os momentos doces e ternos que passámos.
E o medo chega. Chega o medo imenso de te perder para sempre. De que o silêncio e a morte ganhem a batalha contra o amor.
O medo fecha-se ao meu redor. Queria que o teu amor me protegesse deste calor, mas não. As labaredas à minha volta, queimam os corpos já sem vida. Assim serei eu. Um corpo sem vida, quendo de novo me acolheres a cabeça no teu regaço, quando de novo me deres a mão.
Ia de novo rever-te, estava quase a chegar a Kings Cross, quando a luz, o calor e a morte chegaram sem aviso. Nada mais além da morte, que me acompanhava, silenciosa sob o banco onde me sentava.
Sinto a morte chegar. Sobre o metal retrocido e o cheiro acre a sangue, só me resta dizer-te adeus.
Quis a vida que não houvesse hoje um último abraço. Queria a tua mão aqui, para levar comigo a lembrança da tua pele.

1 Comments:

At 10:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

belíssimoooo...
de uma forma mais prosaica, não consigo deixar de pensar que a nossa distância do acontecimento esteve apenas no timming
plim

 

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